Enquanto dormem,
tranco-me no quarto com barulho mínimo já que o mundo dorme.
Apoio-me busco as
letras para compor agua.. Estou com sede.
A escuridão do quarto
me faz pensar em coisas que as palavras não descrevem.
Meu mundo. A
escuridão à volta, mas um foco de luz a minha frente, que faz claras as letras
que devo usar e as faz aparecer deixando-me leve, um pouco leve.
O peso que carregava
não mais me faz encurvar.
Não sei realmente se
é bom o que sai daqui, da minha alma, do meu corpo, do tempo que me resta.
Gosto de saber que você lê que gastou tempo para me ler, me
ouvir, me fazer um pedaço do que você esta construindo pra si.
Se não fala nada, também não penso nada ou penso quem é você?
Será que posso conhecê-lo?
Se falar encontro-me
com você e compartilho coisas tão minhas, mas que vejo que estão com você
também.
Não tenho algo meu, ele esta com você em algum
lugar do mundo.
Vejo seu rosto e sei
onde moras.
Mas se não souber? Se
nunca ver sua face, se você ficar onde esta até a areia da ampulheta cair
totalmente?
Fico feliz, pois guardei nas minhas lembranças um pedaço
seu.. um pedaço meu, um fruto dos tempos de colheita.