diHITT - Notícias PARAneura: fevereiro 2012
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012 2 PARA comentar

PARA uma neura

Eu sei que nasci pequena, e muito frágil
 Nos braços de minha mãe já olhava pela janela.
 Enquanto eu crescia, o mundo vinha todo festeiro bater papo comigo na varanda de minha casa.
 Me encantou com belos contos, recitou poesias de  Drummond  nos meus ouvidos
Eu te amo porque não amo 
bastante ou de mais a mim. 
Porque amor não se troca, 
não se conjuga nem se ama. 
Porque amor é amor a nada, 
feliz e forte em si mesmo. “


   Há como fui feliz naqueles dias,pensava em ser tanta coisa, em conquistar as fronteiras de lugares que nem eu mesmo conhecia.
 Abracei as riquezas mais doces e puras que perfilavam diante de mim.
Um estado meu, meu mundo não era assim.
 Minhas rosas eram sempre vermelhas e o meu bem sempre me acordava com beijos.
 Ai acordo sabe, olho em volta meu quarto está desarrumado como o deixei antes de dormir, tento erguer minha cabeça, saio de casa e vejo poeira preta em tudo, vejo as rosas murchas, a obrigatoriedade de viver, de se manter equilibrado.
Somos qualificados pelo que apresentamos de resultado, e o delicioso e fatigante processo é deveras abafado.
 Paro e fico entre o limiar do real e do imaginário, as vezes meu mundo é tão real que abocanha a selva de pedra, as vezes sapatos bonitos pisam nas rosas que colho com minhas mãos e volto a minha cama.
 É Para essas neuras que eu me encontro, me desalinho, estou em 1 corpo, mas em muitos lugares.
 Até onde vou assim?
Porque ser tão intenso?
Porque não racionalizar então os fatos, se acostumar com o rumo do barco, se manter sobrio, e retilineo?
Tento e por segundos alcanço algo que me conserta,
 Pior da minha genética que me enverga, quando a razão dorme.
 Volto para minha janela.
 E busco escutar as poesias de drummond que um dia ouvi o vento contar.





 
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