diHITT - Notícias PARAneura: outubro 2018
quinta-feira, 4 de outubro de 2018 3 PARA comentar

PARA Quem apaga



E depois de 3 anos sem escrever, me deparo com um quarto escuro
e uma página em branco:
um clarão de luz, acertando em cheio todo breu que me cerca.  
E percebo que são muitos os apagadores ; sentimentos,
pessoas a minha volta,
a velocidade do tempo que me rouba tempo para ser luz e eu mesma,
me boicoto,
apagando em mim as rajadas de luz. Me confundo se aceito ou enfrento.
Vejo que é tempo de acertar.
É tempo de reparo em todas as lâmpadas que ao longo da vida
foram se apagando.
Algumas de tanto acender se queimaram , outras foram perdendo o brilho
e ganhando a  
poeira do esquecimento e outras estão novas, mas nunca vi luz delas.

É  tempo de acertar
É  tempo de reparar

Com cuidado reparo as lâmpadas queimadas,
responsáveis pelo brilho dos meus olhos de criança,
dos desenhos coloridos que fazia na minha cabeça antes de dormir.
Tento entender porque não as vi apagar ,
pois sempre estavam piscando para mim.
Constato que a maturidade guardou minha roupa de super -herói,
juntou minhas asas numa caixa
e me tirou o lápis que fazia aquarela.
Me acendo  quando volto ao tempo que queria ganhar
o mundo dentro do abraço da minha mãe,
quando nada era tão importante antes das histórias de meu pai ,
me acendo com as lembranças de quem eu sou.

Limpo com cuidado todas as lâmpadas empoeiradas ,
a água levou todos os nãos aos meus devaneios,
meu desleixo pelos meus próprios sonhos. Tem estrela no céu.... me acendo.
Busco em mim todos os desejos não realizados, os planos mirabolantes,
e refaço minha lista de sonhos,
Me acendo com os verbos aprender, reaprender e fazer ;
as vezes é preciso viver o sonho antes de realiza-lo.

É tempo de acertar
É  tempo de reparar.

Desembrulho com cuidado as lâmpadas que nunca usei
e me surpreendo com a quantidade de luz emitida,
são clarões de luz que cortam a escuridão como navalha,
que iluminam um caminho novo.
É  uma descoberta saber que há luz no futuro, existem possibilidades,
existe beleza e dor, mas há luz.
Me acendo para o que eu não conheço e digo obrigado,
me acendo para a paz que ilumina minhas lembranças mais bonitas,
me acendo para todas
as incertezas do novo
e a calmaria do que já conheço.

Agora sigo , volto e paro….
Não nessa ordem, afinal a vida é uma inconstância de sentidos
onde a escuridão se faz necessária
 para se fazer luz.
E volto ao meu quarto, ele ainda está escuro e a página em branco
antes furando o breu,
agora me acerta, me repara ,me acende
e me faz entender que ainda não é o tempo do apagar das luzes.


foto tirada da janela do meu apartamento... Em um dia de luz!


Com carinho,

Nathalia Costa


 
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