Nos braços de minha mãe já olhava pela janela.
Enquanto eu crescia, o mundo vinha todo festeiro bater papo comigo na varanda de minha casa.
Me encantou com belos contos, recitou poesias de Drummond nos meus ouvidos

bastante ou de mais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo. “
Há como fui feliz naqueles dias,pensava em ser tanta coisa, em conquistar as fronteiras de lugares que nem eu mesmo conhecia.
Abracei as riquezas mais doces e puras que perfilavam diante de mim.
Um estado meu, meu mundo não era assim.
Minhas rosas eram sempre vermelhas e o meu bem sempre me acordava com beijos.
Ai acordo sabe, olho em volta meu quarto está desarrumado como o deixei antes de dormir, tento erguer minha cabeça, saio de casa e vejo poeira preta em tudo, vejo as rosas murchas, a obrigatoriedade de viver, de se manter equilibrado.
Paro e fico entre o limiar do real e do imaginário, as vezes meu mundo é tão real que abocanha a selva de pedra, as vezes sapatos bonitos pisam nas rosas que colho com minhas mãos e volto a minha cama.
Até onde vou assim?
Porque ser tão intenso?

Tento e por segundos alcanço algo que me conserta,
Pior da minha genética que me enverga, quando a razão dorme.
Volto para minha janela.
E busco escutar as poesias de drummond que um dia ouvi o vento contar.