De dia ela o chama de safado, o acusa de corromper os bons costumes. Ela o ataca com as farpas bem colocadas de sua língua.
----- Como pode um homem trair a esposa, sair para a boêmia, transitar entre os errantes e depois trazer a sujeira da rua para o lar imaculado.
O discurso da senhora robusta e de faces coradas não mudava muito entre o passar dos dias.
Pela noite ela o chamava, deixava-o entrar em seus aposentos, afofava os lençóis e com fagulhas bem colocadas em sua língua dizia: ----- Como pode demorar tanto tempo a vir me fazer feliz, se una a mim e me faça esquecer de sua dona e do meu fardo, apenas me ame com delicadeza e grosseria e depois de tudo deixe o quarto antes do clarão do sol.
E assim os dias se arrastavam e a noite escapava traiçoeira pelo relógio. A dona robusta o amaldiçoava na claridade, para que não soubessem que ela já estava morta e era seu adorado devasso que a revivia na escuridão das madrugadas.
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