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domingo, 2 de setembro de 2012

PARA poemar



As vezes me pergunto, porque continuar a escrever, me inspiro, me entorto, acelero, e continuo, erro na gramática e na concordância... paro, mas ele ainda continua... ele escreve, porque não esta preso a terra,ele não é de lugar nenhum!.

Quem és tu senhor para criar verbo. És doutor importante das letras? Por acaso és um imortal da academia? Quem te deu papel? Quem lhe trouxe tintas? Quem te fez acreditar que poderias dançar sobre as pautas?

Vais agora e mostre o que faz e porque estais aqui.....


Te digo meu nobre senhor, não tenho estudos e nem sei de quantas letras é preciso para montar uma composição, analfabeto de pai adoentado, não sou imortal e nem quero viver uma vida inteira. Pego uma caneta velha e um chumaço de papel e apenas poemo o que grita esse coração... que apesar de não ser nobre como o do cavalheiro, bombeia o mesmo sangue vermelho...

Sim meu nobre senhor, eu poemo..

Poemo coisas dessa vida, que consegue unir sentimentos distintos em um mesmo espaço de tempo.
Poemo as crianças brincando na varanda, enquanto suas mães tecem sonhos no quintal de terra batida.
Poemo os jovens se divertindo com a brisa, que bate em seus rostos no inicio de boas madrugadas
Poemo os amores envolvidos com lágrimas, e também os amores felizes.
Poemo as chegadas e partidas.
Poemo as loucuras que nos tiram o fôlego, a depressão do filósofo, a overdose do forte, a fraqueza do justo.

E nos meus devaneios mais belos, poemo aquela moça, que me sorri com os olhos.
Poemo seu toque aos meus cabelos já grisalhos e as contrações de seu corpo a minha chegada.
Poemo uma tarde inteira em que eu seja dela e que ela se perca em mim..
Poemo o nervosismo de sua razão e o delirar de sua alma.
A envolvo sobre mim e poemo tremores que já não mais são dela, são meus também.
Poemo nosso primeiro amor, nosso constante amor, nosso encontro entre os versos que eu escrevi para ela.
Poemo a inspiração que esta nela e em todo lugar em que estivermos juntos.
Doutor, poemo a mulher que me rouba suspiros de desejo..... Ahhhhhhhhhh

A vida não teria graça senhor, se eu não á poemasse.
Moço do que adianta ser imortal, se não pudermos poemar a morte.

Então deixe-me senhor com meus erros, com meus medos, poermar-me até o último suspiro de dor e prazer. Descobri doutor que a vida é cheia de verbos e nem consigo escreve-los por inteiro pois o tempo é ceifador de minhas linhas, então me entrego a sorte de ventos que carregam minha letra.

Por isso me apego as escritas, subo aos céus onde encontro pedaços de paz , onde encontro a moça de meus sonhos que me torna imortal, que me da linhas. Assim poemamos juntos, esquecemos do tempo, brincamos com a vida e no final   da tarde depois de fazer amor, apenas adormecemos em algum lugar do mundo!!

3 PARA comentar:

R. R. Barcellos disse...

Porque o verbo é de quem o escreve e fala, e não dos que querem impor-lhe regras e mordaças, e por isso as línguas se dividem em vivas e mortas, e é essa a essência da imortalidade.

Dá-lhe, imortal! Beijos!

Lincoln Furtado disse...

Simplesmente o melhor texto seu que vi até agora... não sei quando o fez, se ontem, se hoje ou se amanhã, mas sei que seu talento é pra eternidade, parabéns nathy!

Lincoln

Marco Valladares disse...

Mantenha-se a poemar!
Poeme!
Poemei-se!
Faça-nos conjugar junto!
Então
Eu poemo
Tu poemas
Ele poema
Nós poemamos
Vós poemais
Eles poemam
E poemando todos vão
Todos peomar-se-ão!

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