diHITT - Notícias PARAneura: outubro 2011
segunda-feira, 31 de outubro de 2011 3 PARA comentar

PARA um olhar


Ela voava e não sei bem como conseguia fazer proeza imensa que todo mortal gostaria.
Navegava através de sua cintura, não com um olhar malicioso, mas com a pureza que ela mesma me dava de presente. Sua presença era alva e seu corpo falava línguas pagãs que eu entendia perfeitamente.
Sempre pensei que a veria como um corpo inteiro em movimento, mas não era isso que a importava, seus membros se desconstruíam na minha frente e caiam como plumas no solado de madeira, resolvi piscar os olhos e em um instante o frenesi do que tocava tomou seu corpo e ela passou vibrante por esse caminho de luzes.
Parei de tentar descobrir o que ela fazia, abri meus olhos e vi uma mão que se estendia até mim, receoso imaginei estar dentro de um mundo paralelo e gostei da ideia, apertei suas mãos e deixei que ela me mostrasse seu pouso, me ensinasse como voar sem asas, queria estar com ela, sem o peso do que está lá fora, apenas com a alegria da leveza que é estar aqui.
Pedi que me contasse seus segredos, que também me desmontasse e que logo soprasse o fôlego da vida em mim.
 Mas ela logo fugiu, pois essa historia não era dela, construí castelos eretos olhando seus movimentos e o vento os soprou para longe.
Quando dei por mim, quem voava era eu, quem sentia era eu, quem respirava era eu, o morrer e o nascer me pertenciam, e a única coisa que não possuía era o corpo, pois ele estava pairando sobre os que ainda não voavam.
Aplausos me acordam e vejo a bela dona no palco saudando os que a assistiam, com meus olhos agradeço-a por me fazer dançar ao seu lado ao invés de assisti-la. E ela responde com o mesmo olhar dizendo que apenas me estendeu a mão, como fez com tantos outros, tinha muitas mãos e muitos pés.
As cortinas vermelhas se fecham e vou embora não mais acordado, mas sonhando em voar ou inventar qualquer outra coisa de novo na próxima apresentação.


 
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