diHITT - Notícias PARAneura: fevereiro 2013
sábado, 23 de fevereiro de 2013 2 PARA comentar

PARA um braço torto

  E  de repente ela não era um corpo inteiro, já não representava um organismo, um ser que pensa, que vive, que sente, que ama e que sofre. Ela era um braço torto, apenas um braço torto.

Eles não viram sua vida, suas historias, seus sonhos, sua liberdade e vontade de mudar as coisas, viram apenas um braço torto e logo disseram: --- Este não serve para nós.

Os olhos, os atos dos outros, fazem dela então apenas uma vitima?

Não, ela quer ser mais, ela quer lutar, quer falar aos sete cantos que não é apenas um braço, ela é uma mulher inteira, ela é uma alma livre, ela é gente.


Ela é mulher, uma forasteira, uma sonhadora que quer viver com dignidade.

Pena não causa redenção, preconceito é a supremacia da ignorância e incapacidade é daqueles que a enxergam incompleta.

Nessas letras estão um grito, uma vontade, uma bandeira que ela sempre vai carregar.

Ser diferente não é ser menor ou incapaz, ser diferente é uma responsabilidade de fazer mais, de fazer sempre, de fazer por mim , por ela e para todos.
sábado, 16 de fevereiro de 2013 0 PARA comentar

PARA uma língua a seu dispor

De dia ela o chama de safado, o acusa de corromper os bons costumes. Ela o ataca com as farpas bem colocadas de sua língua.
----- Como pode um homem trair a esposa, sair para a boêmia, transitar entre os errantes e depois trazer a sujeira da rua para o lar imaculado.
 O discurso da senhora robusta e de faces coradas não mudava muito entre o passar dos dias.


Pela noite ela o chamava, deixava-o entrar em seus aposentos, afofava os lençóis e com fagulhas bem colocadas em sua língua dizia: ----- Como pode demorar tanto tempo a vir me fazer feliz, se una a mim e me faça esquecer de sua dona e do meu fardo, apenas me ame com delicadeza e grosseria e depois de tudo deixe o quarto antes do clarão do sol.


E  assim os dias se arrastavam e a noite escapava traiçoeira pelo relógio. A dona robusta o amaldiçoava na claridade, para que não soubessem que ela já estava morta e era seu adorado devasso  que a revivia na escuridão das madrugadas.
 
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